![]() A 17 de Maio de 1974 saiu o Avante! legal. Na altura, podíamos ler na primeira página que «Mais do que fazer uma obra perfeita, pareceu-nos essencial intervir já, como podemos, levando a voz do PCP e as suas posições à classe operária, às massas populares» Numa intervenção sobre Lénine e o papel da imprensa do Partido, publicada em livro, Fernando Correia relembra essas urgências comuns, a de fazer chegar o jornal aos leitores e a dos leitores poderem chegar ao jornal: Vinte e dois dias depois [do 25 de Abril], em 17 de Maio, nas ruas de Lisboa, do Porto e de outros pontos do país, nas zonas de maior movimento, junto às fábricas e às escolas, nos mercados e nos transportes públicos, o pregão «Olha o Avante! Comprem o jornal dos comunistas portugueses!» era gritado por dezenas e dezenas de vendedores voluntários, uns membros do Partido, outros não, irmanados na emoção comum de, em público e de viva voz, proclamar a existência legal do órgão do PCP. [...] Com quatro páginas de grande formato, quatro vezes maior do que o do Avante! clandestino, esse número memorável teve uma tiragem histórica: aos 300 mil exemplares inicialmente previstos tiveram que se imprimir, para responder à procura, mais 200 mil, o que perfez meio milhão, um número cerca de dez vezes superior à média dos diários portugueses de então. A alegria nas ruas começara já antes, na tipografia de O Século, onde o jornal foi composto, paginado e impresso. Então empenhados numa greve às horas extraordinários, os tipógrafos, com a militância de uns e a solidariedade de outros, asseguraram a edição do jornal. Quando o jornal começou a sair da rotativa, houve palmas, abraços e lágrimas. A publicação do Avante! legal representava um significativo passo na consolidação da democracia, a que outros se seguiriam: no dia 18 Álvaro Cunhal dava em Lisboa a sua primeira conferência de imprensa formal; no dia 19 a organização de Lisboa promovia o seu primeiro comício, no campo do Alhandrense, a que poucos dias depois se seguiriam os grandes comícios no Pavilhão dos Desportos de Lisboa e no Palácio de Cristal do Porto; no fim desse mês de Maio, o Partido já tinha abertos, de norte a sul do país, cerca de trinta Centros de Trabalho, ao mesmo tempo que os camaradas da Editorial «Avante!» editavam, pela primeira vez na legalidade, o livro com o Programa do PCP. O Avante! não estava sozinho. Hoje, 45 anos mais tarde, e após 43 anos de impressão clandestina, o Avante! continua a cumprir o mesmo objectivo... E com toda a certeza, continua a não estar sozinho! |