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Marx, Engels e a Crítica do Utopismo
José Barata-Moura
Para os revolucionários – em busca de inteligibilidade no devir, congregando ao redor forças, activamente comprometidos na intervenção –, a história é para fazer: com lucidez, num quotidiano trabalho endógeno da contrariedade do real, nos seus meandros e nas suas vicissitudes.
Para os revolucionários que ao «nome» juntam a «coisa», a história não é para antecipar, em ficcionadas visões apoteóticas do maravilhoso que vai ser, e de como há-de ser.
Houve alturas em que essa escapatória representou um pioneiro sinal de marcha para os palmilhos.
Quando as condições não estavam todavia reunidas, nem maduras, para outra amplitude e enraizamento dos combates:
«A descrição fantástica da sociedade futura corresponde a um tempo em que o proletariado está ainda sumamente pouco desenvolvido, em que, portanto, ele próprio apreende ainda a sua posição própria de um modo fantástico, [ela corresponde] ao primeiro impulso dele, cheio de pressentimentos, para uma reconfiguração geral da sociedade.»
Porém, com o desenrolar do acontecer, esta não é mais nem a situação, nem a exigência do momento.
Daí a repetida – e impenitente – recusa de Marx e Engels em enveredar pela artística patinagem prospectiva quanto a «utopizações» do futuro.
ISBN: 978-972-550-430-7