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Eles têm o direito de saber – Páginas da luta clandestina
Jaime Serra
Está por fazer o balanço do que significou a vida clandestina, mesmo para quem nunca esteve preso, com a privação de uma vida familiar normal, à luz dos padrões da nossa sociedade, com a privação do convívio com familiares e amigos, com a privação de um simples espectáculo e até restrição, imposta por razões de segurança, de frequentar um qualquer lugar público mais concorrido, assim como o condicionamento, pelas mesmas razões, da utilização de transportes colectivos. Tudo, naquela época, estava sob rigorosa vigilância e controlo policial. Vulgar, no regime fascista, era a prisão de um qualquer cidadão sob a simples suspeita de hostilizar o Regime, com a violenta separação dos familiares por tempo indeterminado, à sombra das celeradas «medidas de segurança» aplicadas pelos sinistros «Tribunais Plenários» com o pretexto de perigosidade para a segurança do Estado fascista. Muitos milhares de portugueses honestos, homens e mulheres, foram assim sujeitos às maiores violências e torturas morais e físicas simplesmente por amarem a Liberdade e insistirem no direito de lutarem por ela.