Fechamos a semana com o livro de Margarida Tengarrinha, que atravessou vinte anos na clandestinidade, na luta diária contra o fascismo, pela liberdade e a democracia. Quadros da Memória é um comovente relato marcado pela solidão a que estava sujeita a mulher na clandestinidade, em diversos episódios que se oferecem ao leitor como quadros vivos da força viva da resistência.
Nós as "camaradas das casas do Partido" podíamos ter tarefas interessantes, mas sempre dentro de casa e tendo a cargo a sua defesa. Por vezes passávamos dias seguidos sozinhas, quando os camaradas se ausentavam.
Garantir uma aparência de vida normal, apesar da ausência dos filhos e do disfarce, marca uma existência quotidiana de permanente ocultação da identidade, não menos heróico apesar de obscuro.
A liberdade e a democracia emergem da coragem inelutável destas mulheres, do valor do silêncio e da vida em clausura. Um livro que nos faz regressar à luta pela dignidade, conduzida pelo amor, a amizade e a alegria.
A vida de Olga Benario, judia comunista alemã, companheira do dirigente comunista brasileiro Luís Carlos Prestes, que foi entregue, grávida de 7 meses, a Hitler como «presente» pelo governo de Getúlio Vargas, é pormenorizadamente retratada no livro de Fernando Morais Olga.
Jorge Amado diz sobre a obra: Com simplicidade, sabedoria e grandeza, ele soube recriar um drama profundamente humano de nossa época. Entre, de um lado, a guerra desencadeada pelo nazismo e, de outro, a miséria de uma ditadura latino-americana com seus crimes, Fernando Morais delineou a figura quase lendária de uma mulher que sempre empunhou o estandarte de ideais generosos.
A vida de Olga Benario é um exemplo de coragem, determinação e dignidade. Na semana em que ganha ainda mais força a luta das mulheres «pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo» – essa extraordinária expressão de Olga na última carta que escreveu ao companheiro e à filha, no Campo de Concentração, só para mulheres, de Ravensbrück.
Nesta semana de luta em torno do Dia Internacional da Mulher, continuamos a chamar a atenção para vários títulos do nosso catálogo. Virgínia Moura foi uma lutadora incansável pela liberdade e a democracia, uma corajosa combatente contra o fascismo. Ingressou no Partido Comunista Português ainda como estudante universitária, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Presente nas lutas estudantis, na solidariedade com os republicanos espanhóis perseguidos por Franco durante a Guerra Civil, na constituição dos movimentos de unidade antifascista, como o MUNAF, o MUD e o MND, nas candidaturas presidenciais de Norton de Matos, Ruy Luís Gomes, Arlindo Vicente e Humberto Delgado, nas candidaturas da Oposição Democrática às «eleições» para a Assembleia Nacional fascista, no apoio à libertação dos povos das colónias, nas lutas pela Paz, nas acções em defesa da emancipação da mulher, e depois do 25 de Abril na construção e defesa do regime democrático, Virgínia Moura esteve sempre ao lado dos trabalhadores nas suas lutas por melhores condições de vida. O livro Mulher de Abril – Álbum de Memórias é constituído por duas partes, a primeira por memórias da sua vida e luta contadas na primeira pessoa, a segunda por textos da sua autoria, entre artigos e discursos, escritos entre 1936 e 1985, apresentando ainda dados biográficos e a reprodução de várias fotografias e documentos. |