A Festa do Livro na Festa do Avante! foi, também nesta edição da Festa, um espaço de conhecimento e de reflexão. Uma viagem que se faz, todos os anos, dos clássicos às novidades, e que em 2019 deu merecido destaque às comemorações dos 45 anos do 25 de Abril, onde na praça central se podiam ler as palavras de Álvaro Cunhal sobre o profundo impacto da Revolução Portuguesa na vida literária de leitores e autores:
«As energias criadoras do povo libertadas pela Revolução não transformaram apenas as estruturas económicas, sociais e políticas. Acompanhando a conquista das liberdades e outras transformações democráticas, a vida cultural conheceu um brusco alargamento e uma febril intensificação.» A Festa foi assim um espaço para leitores tomarem contacto com algumas novidades, como o último volume de Discursos Políticos de Álvaro Cunhal, o romance cubano Os Homens da Cor do Silêncio ou o documento do PCP Coimbra, Dois Anos de Luta Estudantil. Este último, aliás, foi apresentado numa sessão dedicada à luta da juventude nos últimos anos do fascismo, com Jorge Seabra, juntamente com José Veloso e João Frazão, a participarem neste debate em torno da luta dos estudantes de Coimbra de 1969 e até ao 25 de Abril, mas também da juventude trabalhadora, nomeadamente em torno do MJT. Dois outros livros estiveram em grande destaque, em dois outros debates realizados no auditório: A União Europeia Não É a Europa, de João Ferreira, num debate sob o tema A Europa em Questão, com a participação do autor e também de António Avelãs Nunes e de Miguel Viegas, e Alternativa Patriótica e de Esquerda, com a participação de Vasco Cardoso. Mas a reflexão segue também nos dias depois da Festa, com as leituras a convidarem a mais debates e a novas reflexões. Sabendo que, nestas questões da literatura e do livro, da cultura de uma forma geral, se segue o mesmo princípio que se podia ler na mesma intervenção de Álvaro Cunhal: «A defesa dos valores culturais e artísticos é tarefa dos artistas, mas é também tarefa comum da classe operária, dos trabalhadores, de todos os democratas.» |